ROMANO, O

Mika Waltari, autor de O Egípcio, O Etrusco e outros best-sellers, não figura nas histórias da literatura. É, no entanto, um dos autores mais lidos no mundo inteiro, inclusive no Brasil, onde seus livros se esgotam em pouquíssimo tempo. Ele escreve textos de fácil leitura e tem invulgar capacidade de imaginar enredos emocionantes, com base em pesquisas históricas. Histórias sentimentais, cheias de peripécias amorosas, com marchas e contramarchas que deixam o leitor em suspense, têm por fundo cenários antigos de empolgante grandiosidade, nos romances de Mika Waltari. Assim é em O Romano, relato memorialístico por meio do qual o senador Minuto Lauso Maniliano pretende deixar registrados, em livro, para que seu filho recém-nascido deles se recorde, os principais fatos ocorridos durante o período em que Nero foi imperador de Roma. O plebeu Minuto Lauso Maniliano, filho de agiota, conquistou as insígnias de um triunfo, na luta contra os bretões, foi distinguido com o posto de cônsul, presidiu o Colégio dos Sacerdotes do divino Vespasiano e chegou a calçar as botas vermelhas de senador romano, mediante intrigas palacianas, subornos, delações, falta absoluta de escrúpulo e habilidade invulgar no trato com as pessoas influentes da corte.A história de Minuto Lauso Maniliano, com a sordidez da maioria dos seus atos e alguns esporádicos gestos de grandeza, é história que se vem repetindo ao longo dos séculos. Nobres se transformavam em serviçais para atender aos desejos do tirano Nero; faziam barganha com o corpo das próprias esposas para obter vantagens políticas; fechavam os olhos às arbitrariedades do imperador; entregavam amigos aos açoites do carrasco, para ganhar compensação financeira; e não hesitavam em delatar companheiros, para conservar empregos e posições.