O obectivo principal desta obra é dar a conhecer o «relatório da detenção e prisão na república do congo do comandante e três marinheiros do n.h. “Carvalho Araújo”, de 9 de Agosto a 22 de Novembro de 1961, pelo 1.º Tenente Eng.º Hidr.º António Alva Rosa Coutinho», apresentado ao Chefe do Estado-Maior da Armada um mês após a libertação do seu autor e que até ao presente poucas pessoas terão lido, apesar da memória do incidente que na Marinha se manteve ao longo de todos estes anos. (...). A situação interna no Congo – cuja independência foi oficializada no dia 30 de Junho de 1960, em cerimónia presidida pelo Chefe do Estado da potência colonizadora, o Rei Balduíno da Bélgica, assim como o incidente ocorrido na cerimónia daquele dia, com origem no imprevisto discurso do primeiro-ministro Patrice Lumumba, que prenunciou os tempos conturbados que marcarão a história do Congo desde esse dia até aos dias de hoje, incidente esse seguido pelo motim dos soldados da Force Publique, menos de uma semana depois – será necessariamente abordada com algum pormenor porque aqueles acontecimentos e quase todos os seus protagonistas vão estar soberanamente presentes e condicionar pessoalmente – e de que maneira – o incidente “Rosa Coutinho”. O ano de 1960 veio a ficar conhecido na História como o “Ano de África”, não só pelo elevado número de colónias que acederam à sua independência política, adquirindo o estatuto de Estados membros da Organização das Nações Unidas, mas, também, pela enorme actividade que se desenvolveu em todo o mundo contra o colonialismo que persistia e, ainda, pelo surgimento e consolidação em África de organismos de coordenação política exclusivos do continente africano.