O que cabe no espaço entre duas gerações?
Em “sábado”, segundo livro de Sarah Rebecca Kersley, este espaço vago é poeticamente preenchido por memórias, encontros, questionamentos e uma costura entre poesia russa, judaísmo, idiomas, História e diferentes culturas.
O ponto de partida é uma viagem pela Inglaterra em 2017, quando a autora deu início a uma correspondência com o poeta russo Anatoly Naiman (n.1936) — um dos chamados “órfãos de Akhmátova” —, contemporâneo de Joseph Brodsky. Separados geograficamente mas unidos por laços de família, os poetas descobrem-se mutuamente, transpondo a barreira da tradução no universo poético.
Da reflexão sobre esse encontro nasce a mistura entre crônica e biografia que faz de “sábado” uma obra que levanta questões sobre identidade, tradução e linguagem, e que condensa, também, poemas de Naiman inéditos no Brasil vertidos para o português por Aurora F. Bernardini.
Noemi Jaffe, autora de “O que os cegos estão sonhando?” (Editora 34, 2012) — obra que também transita entre o gênero biografia e memória — assina a orelha.
Sobre a autora_ Sarah Rebecca Kersley nasceu no Reino Unido em 16 de dezembro de 1976. É poeta, tradutora, editora e livreira. É autora do livro Tipografia oceânica (ParaLeLo13S, 2017). Seus poemas e traduções foram publicados em jornais e revistas como O Globo (página Risco), Revista Pessoa, Jornal RelevO, Two lines: World Writing in Translation, The Critical Flame, Asymptote e Modo de usar & co. Radicada no Brasil desde 2003, vive e trabalha em Salvador, Bahia.
Sobre Anatoly Naiman_ Nasceu em Leningrado em 1936. Formou-se no Instituto Tecnológico e escreve poesia desde cedo. Com seus contemporâneos Dmitry Bobyshev, Evgeny Rein e Joseph Brodsky fundou o grupo que mais tarde recebeu o nome de “os órfãos de Akhmátova”. Conheceu Anna Akhmátova pessoalmente em 1959, quando ela tinha 70 anos, e três anos mais tarde começou a atuar como seu secretário literário. Durante a era soviética teve seu trabalho publicado em samizd