SABER COMO MODO DE VIVER NA FILOSOFIA DE JACOBI

Esta obra é uma imersão nos problemas fundamentais da filosofia do final do século XVIII e início do XIX na Alemanha. Esse período fértil e estimulante é marcado por grandes acontecimentos na história do pensamento, como a filosofia de Kant, a discussão sobre a condição e os fundamentos do saber humano, a querela em torno da filosofia de Espinosa (que se configura como novo modelo de coerência sistemática), a discussão sobre o niilismo, para citar apenas alguns. Friedrich Heinrich Jacobi (1743-1819), filósofo e romancista, participou e foi responsável por grande parte dessas discussões. Ele trouxe à luz e, por assim dizer, reabilitou a filosofia espinosana na Alemanha, mas também foi ele um dos primeiros a enxergar a aporia da filosofia transcendental kantiana, que oscilaria continuamente entre realismo e idealismo. Jacobi traça com maestria um mapa dos principais problemas do conhecimento humano e critica o modelo lógico-matemático de objetividade como universalidade. Ele estuda e discute “sem o véu de terminologias” o pensamento de autores pouco lidos na época, como Espinosa e Giordano Bruno, considerados obscuros e difíceis. Jacobi não propõe um sistema filosófico que resolva ou esgote esses problemas, mas elabora a noção de crença, um tipo de saber mais elevado, imediato e autoevidente, que fundamenta qualquer certeza científica e conceitual. Com isso, ele ressalta as limitações inerentes ao conhecimento discursivo. O que ele de fato propõe é uma filosofia viva como conduta de vida, na qual fazer e pensar ou agir e falar não estejam desvinculados, uma filosofia à maneira socrática como sábio não-saber.