SAÚDE MENTAL DO POLICIAL MILITAR

O livro Saúde Mental do Policial Militar: superando paradigmas na caserna aborda as relações entre a saúde mental e o trabalho policial militar, considerando que as peculiaridades da estrutura organizacional castrense e as exigências laborais específicas associadas às condições individuais dos policiais militares, podem repercutir negativamente no curso do tempo sobre a saúde física e mental desses profissionais, pois as vivências de prazer e sofrimento coexistem, conforme a situação a que o trabalhador está exposto, prevalecendo uma sobre a outra, conforme o disposto em um dado momento. O prazer é vivenciado quando são sentidos os sentimentos de valorização e reconhecimento no trabalho. O sofrimento é vivenciado quando é sentido o desgaste em relação ao trabalho, exposto como desânimo e descontentamento, que consiste no limite entre a saúde e a doença. É, portanto, entendido como um processo vinculado à organização do trabalho. Teoricamente apoia-se principalmente na psicodinâmica do trabalho proposta pelo médico do trabalho, psiquiatra e psicanalista Christophe Dejours, cuja produção intelectual revela um olhar amplo e integrador que corresponde justamente ao desafiador ambiente laboral da caserna. Neste seguimento, articulam-se saberes originados em distintas áreas do conhecimento que relacionam saúde mental à atividade policial. Nesta argumentação, apresenta-se o trabalho policial militar e suas significações, carga psíquica, processos da atividade e fontes de pressão, bem como a ergonomia da atividade e da estrutura organizacional militarizada, hierarquizada e disciplinar, indicadores dos transtornos mentais e do comportamento, fatores e situações de riscos à saúde mental da população castrense. Destarte, o grande desafio da Polícia Militar é encontrar na organização do trabalho policial militar condições para que a própria atividade permita a descarga psíquica, evitando a retenção pulsional, e assim evitar os sentimentos de desprazer e tensão, que empurram o policial militar em direção ao sofrimento. E foi na identificação dessa vulnerabilidade que se propôs essa abordagem psicodinâmica e clínica do trabalho, vislumbrando não apenas a compreensão de peculiaridades, mas auxiliar esses profissionais nas estratégias de prevenção ao adoecimento psíquico relacionado ao trabalho, optando-se, dentre as estratégias científicas possíveis e aos processos psicossociais a ela inerentes.