Situando-se dentro da moldura constituída pelas reflexões metodológicas abertas por um trabalho anterior das autoras, este livro propõe um novo recorte daquilo que se denomina impasse do método. Este impasse é retomado principalmente a partir da questão dos efeitos produzidos pela fala na relação entre sujeitos, sobretudo o fazer e o desfazer das sínteses/interpretações. Assim, a relação especular é definida como ponto central de toda a discussão, como condição constitutiva da fala e, conseqüentemente, de seus efeitos. A abordagem desses efeitos pretende tornar um pouco mais visível o desafio suscitado pela concepção de sujeito do inconsciente, ou seja, um sujeito dividido por um não saber que produz um saber. Esse sujeito, justamente, é que põe em questão a produção de uma síntese interpretativa que se pretendesse homogênea/unitária/coerente, assim como realça o papel do efeito de inconsciente provocado pela relação do investigador com seu discurso. Tal relação, por sua vez, somente ocorreria no nível do significante. Negar esse efeito - ou seja, não assumir as conseqüências que dele adviriam - restringiria o caminho em direção à emergência do novo, da criação no campo da produção de saberes.