Foi o trabalho do negro que aqui sustentou por séculos e sem desfalecimento a nobreza e a prosperidade do Brasil: foi com o produto do seu trabalho que tivemos as instituições científicas, letras, artes, comércio, indústria etc., competindo-lhe, portanto, um lugar de destaque, como fator da civilização brasileira. [...]
Do convívio e colaboração das raças na feitura deste País, procede esse elemento mestiço de todos os matizes, donde essa plêiade ilustre de homens de talento que, no geral, representaram o que há de mais seleto nas afirmações do saber, verdadeiras glórias da nação. Sem nenhum esforço pudemos aqui citar o Visconde de Jequitinhonha, Caetano Lopes de Moura, Eunápio Deiró, a privilegiada família dos Rebouças, Gonçalves Dias, Machado de Assis, Cruz e Souza, José Agostinho, Visconde de Inhomirim, Saldanha Marinho, Padre José Maurício, Tobias Barreto, Lino Coutinho, Francisco Glicério, Natividade Saldanha, José do Patrocínio, José Teófilo de Jesus, Damião Barbosa, Chagas o Cabra, João da Veiga Muricí e muitos outros, só para falar dos mortos.
— Manuel Querino, O colono preto como fator da civilização brasileira.
“Ser Homem Negro” em nossa sociedade. Afinal, do que se trata quando falamos em masculinidades e relações raciais? Nos últimos anos, os organizadores deste volume, Henrique Restier e Rolf de Souza vêm se dedicando a publicizar a pluralidade de
temáticas que abarcam a complexidade dessa pergunta. Nesse sentido, esse livro é um convite acolhedor para uma reflexão profunda sobre as múltiplas experiências e processos que perpassam a constituição das masculinidades negras.
Por meio de diversas perspectivas e vozes, os autores exploram as maneiras pelas quais as masculinidades devem ser compreendidas pelas suas intersecções com o racismo, com a classe social e com o espectro das sexualidades. Com contribuições de acadêmicos e outros profissionais de diversas áreas, esta coletânea oferece uma visão diversificada sobre as construções do masculino, desafiando estereótipos, preconceitos e promovendo um diálogo necessário sobre os desafios e as potencialidades das masculinidades negras no Brasil, em toda sua pluralidade.
— Renan Ribeiro Moutinho, Professor do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), onde atua no ensino médio integrado e graduação em Engenharia de Computação no campus Petrópolis.