As contribuições de Michel Foucault ao campo da Análise do Discurso vêm conquistando cada vez mais pesquisadores na atualidade, o que demonstra o alcance das problematizações desse autor aos estudos discursivos e às análises de distintas discursividades. Em sintonia com os historiadores da Nova História, Michel Foucault pesquisou documentos de natureza diversa, deslocando-se da indicação dos grandes acontecimentos e/ou marcos comemorativos, tão comuns à História Tradicional, para acolher e pesquisar a vida ‘dos homens infames’. Ao problematizar o conceito de sujeito e de subjetividade, numa perspectiva histórica, esse pensador abandona a ideia de sujeito como centro e/ou universalidade para refletir sobre formas de sujeito plurais e até marginais. Inscrita nessa linha de pesquisa, Karina Luiza de Freitas Assunção aciona o pensamento de Foucault como ‘caixa de ferramentas’ para o estudo da verdade na literatura de José Saramago, o que se configura como um gesto de leitura promissor, pois a narrativa de Saramago, ao ‘reescrever’ a história, desloca verdades petrificadas do passado e nos convida a ler/reler esse mesmo passado com outros olhos. Este livro é, portanto, um convite a você, leitor, para uma oportunidade singular de refletir sobre a construção histórica da(s) verdade(s) sob o prisma de Michel Foucault e pelas lentes ficcionais de José Saramago. Ambos nos ensinaram e ensinam que as verdades não são evidentes em si mesmas! Assim como a autora deste livro, o leitor estará bem acompanhado e, se aceito o desafio, terá a oportunidade de perceber que as ‘vontades de verdade’ são construções discursivas, históricas e sociais. Elas atravessam os sujeitos e os constituem, seja na ficção ou vida social.