TECNOCONSERVADORISMO E O BRASIL PARALELO

A leitura desse vigoroso trabalho, realizado por um grupo de jovens intelectuais de excelente formação acadêmica – e sem medo de expor suas ideias e reflexões – é uma viagem ao interior do Brasil mais profundo. É uma viagem pelos espaços onde foi gestada, fomentada e socializada a direita mais extrema que já tivemos em nossa história política.

O livro se detém na inacreditável história da empresa Brasil Paralelo, sobretudo do site que é mantido por ela e da sua extensa produção de viés conservador – reacionário mesmo, acrescento eu – influenciado sobretudo pelo escritor Olavo de Carvalho, assim como seus alunos e alunas que são protagonistas de vídeos e de outras formas de produção de conteúdo, no formato conhecido como internet de plataforma. Os números apresentados pela empresa nos deixam surpresos, são muito expressivos. A empresa divulga, e os autores registram, que 15 milhões de espectadores assistiram algum tipo de conteúdo produzido por ela.

O leitor desses ensaios brilhantes, ficará certamente muito surpreso quando perceberem no decorrer dos textos, que as teses defendidas por membros das nossas famílias, amigos e pessoas queridas de uma forma mais geral, nascem aí. A surpresa, aliás, é dupla. De um lado como as falas, textos e postagens que nos atropelam no dia a dia nascem de Olavo de Carvalho, de sua vigorosa síntese do que havia de mais atrasado no pensamento conservador vigente nos Estados Unidos da América décadas atrás. E de outro lado, pela escala que esse mesmo reacionarismo alcança no Brasil através da empresa Brasil Paralelo.

— João Gualberto – Professor Emérito da UFES e ex-Secretário de Cultura do Espírito Santo