VAPT!

Micro conto! Inexiste unanimidade quanto a denominação deste inusitado gênero literário. Tem até quem não o considere como tal. Sua origem advém do movimento minimalista surgido na segunda metade do século passado, difundindo-se mundo afora. O reducionismo textual não tem entendimento consolidado. Arrisca-se afirmar que possa chegar a quinhentos caracteres. Tem como premissa citação atribuída ao arquiteto alemão Ludwig Mies van der Rohe (1886-1969): “Menos é mais”. A redação é orientada para ser inusitada, objetiva, breve e impactante. Sem prejuízo da visão de conjunto, intencionalmente, omite elementos essenciais do enredo, criando suspense. Este trabalho reúne mais de cem intrigantes curtos contos inconclusivos, aqui limitados a trezentas posições com espaços. Apresentam-se em leve vocabulário popular e, sem conexões entre si, podem ser lidos, de forma aleatória. Com o livro já estruturado, emergiu um desafio complementar. Com foco nos nano contos, adicionalmente foram criadas quarenta narrativas com até cinquenta caracteres, dispostas de dez em dez, no início de cada capítulo, intituladas como zás-trás. Uma diversão e tanto! Ideias expressas em uma visada, tem o atributo de fisgar, inclusive quem não tem o hábito de leitura. Uma comunicação direta que traduz a singela linguagem dos novos tempos! Por fim, esta publicação induz lançar um maroto desafio: “se o leitor quiser dar sequência aos fatos, como procederia? Que contorno idealizaria para os efeitos cênicos, perfil dos personagens e trajetórias desprovidas de certezas”? Real cumplicidade entre os dois polos deste singular exercício literário: “a quem escreve, oferecer uma perspectiva aberta de continuidade e, a quem lê, potencializar a imaginação. Uma poética interligação, que bem lembra a imaginária linha do horizonte que promove o ilusório encontro do céu com a terra.