VIAGENS CULTURAIS E A QUESTAO CRIMINAL

Em 1827, Florencio Varela apresentou na Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires uma tese para a obtenção do grau de doutor em Direito, um dos primeiros textos “modernos” sobre a questão criminal no Rio da Prata, Dissertação sobre os delitos e as penas. Essa “dissertação” estabelece uma série de ideias fundamentais em relação aos crimes e às penas construídas no contexto europeu pela tradição do Iluminismo.
O texto de Varela, em certa medida, inaugura o “modernismo penal” na Argentina. E, ao fazê-lo está colocando em marcha, através de sua escrita, uma “viagem cultural”, um elemento que constitui um denominador comum na história do campo de saber/poder e que pode ser definido em torno do termo “matéria criminal” em nosso país e, em geral, na América Latina.
Este pequeno livro apresenta algumas explorações desta complexidade das “viagens cultuais” no terreno da “questão criminal”, examinando processos de importação de racionalidades, programas e tecnologias da administração do delito na Argentina – e, mais indiretamente, na América Latina – no passado e no presente.