EPISTEMOLOGIAS DE GÊNERO EM ÁFRICA

Para entender sobre gênero e as identidades de gênero na África, devemos começar pela África. Este foi o motivo que Oyèrónk?´ Oyewùmí, após evidenciar o gênero como uma construção social em que as diferenças estão localizadas em práticas sociais, e não simplesmente em fatos biológicos, se debruçou em reunir e apresentar diversos intelectuais africanos engajados em documentar e analisar as identidades de gênero nas tradições, espaços e instituições sociais africanas, por estudos inéditos que amplificam e aprofundam o debate sobre o tema, permitindo assim a compreensão de que os estudos sobre as identidades de gênero e as tradições não são processos estáticos, mas, processos contínuos feitos e refeitos através das experiências pessoais na vida cotidiana e pelas instituições.

Neste sentido então, a convenção social chamada de “gênero” é, na verdade, uma questão de identidades de gênero ? ? um processo inerente às relações sociais (logo, uma construção social que carrega o peso histórico onde os discursos e a historicidade ocidental se mantêm, ou seja, trans-histórico e, portanto, essencialista). Por este motivo, os estudos de África não devem se basear em conceitos derivados do Ocidente para mapear a questão do gênero nas sociedades africanas, mas sim em fazer perguntas sobre outras perspectivas de compreensão das identidades de gênero em tempos e lugares em África.

Esse livro abrange uma ampla gama de sociedades, culturas e períodos históricos em pesquisas originais que não foram publicadas em nenhum outro lugar.