Escrever sobre a problemática que envolve os Animais e o Direito vai muito além de um trabalho científico, acadêmico. Trata-se de um objetivo de vida. As primeiras leituras, depois releituras, foram muitas. Sim, porque paradas foram necessárias para secar as lágrimas que insistiam em cair, e não foram poucas. Dias em que pensava: porque escolhi esse tema? Não vou conseguir! Tamanho era meu desespero em tomar ciência que, apesar de amar, respeitar, ajudar alguns animais, eu me enxergava nas leituras, escondida atrás de uma barreira chamada de especismo. Os dias foram avançando e a certeza de ter feito a escolha certa, que é por esse verdadeiro amor que sinto que não poderia desistir de ajudar os animais de alguma forma. Assim, retratamos um pouco sobre a realidade vivida pelos animais e também em relação à utilização desenfreada dos recursos naturais. Entendemos que é preciso uma grande mudança de percepção do que está a nossa volta. Sobretudo, respeitar todas as espécies de seres vivos, combater o antropocentrismo que ainda está muito arraigado na visão dos homens que, por isso, acreditam pode utilizar os animais e a natureza sem medida, sem respeito, sem preocupar-se com o planeta que queremos no presente e no futuro. Nesse sentido, o presente livro busca aproximar os seres humanos dos seres não humanos, mostrando aos primeiros a falta de fundamentos que justificam o abuso, a exploração dos animais, baseando-se na teoria da falta de sensibilidade. A inteligência e a capacidade emocional dos animais - ou ainda a Senciência, que é capacidade de sentir dor, fome, sede, frio - são elementos suficientes para que lhes dispensemos tratamento digno, assegurando direito à vida e a sua integridade física. Assim, vale lembrar os ensinamentos de Jeremy Bentham (1748-1831): “A questão não é ‘Eles são capazes de raciocinar?’, nem ‘São capazes de falar?’, mas, sim: ‘Eles são capazes de sofrer?’”