SOCIOAMBIENTALISMO DE FRONTEIRAS - VOLUME VIII

O ponto de convergência da pesquisa dos colaboradores é a efetivação da dignidade das populações amazônicas. Não vem ao caso abordar todas as nuances históricas que consubstanciaram o atual panorama de embates entre minorias e o establishment, mas ressaltar que a obra relata o testemunho de um importante momento histórico de reconstrução.

A vida dos povos amazônicos é permeada por situações cíclicas, ou que nunca deixaram de existir, como a tensão vivida pelos povos indígenas. Basta rememorar a década de 1970, auge dos projetos de integração da Amazônia e da mortalidade de indígenas. Fatos que, como na atualidade, abalaram a imagem internacional do Brasil.

A região é plural, assim como a realidade dos nichos de vida e cultura desse mosaico que aos poucos vai se descortinando ao leitor. Vidas abaladas pelo trabalho escravo ou pela doença, e o desconhecimento de direitos elementares, como a possibilidade do saque do FGTS em caso de infecção por HIV.

A cultura indígena regional também tem sido questionada pela sociedade, diante da prática do infanticídio. Neste caso, quais seriam os limites legais entre o direito à cultura e à vida (em suas diferentes concepções)?

Mas não só sobre as populações tradicionais recaiu a pesquisa, que adentrou a cidade para abordar a violência, o sistema de segurança pública e algumas das consequências da imigração venezuelana nesse frágil contexto regional.

A problemática é rica e não se esgota neste livro, que tem por objetivo estimular o debate acadêmico e contribuir com a literatura sobre a região.